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A SAUDADE É A NOSSA ALMA DIZENDO PARA ONDE ELA QUER VOLTAR...

domingo, 30 de setembro de 2007

Não vou estar.

Se me ligares amanhã, não estou...
Como antes, lembras-te? Em que te ligava para casa e me escapavas por segundos! Amanhã sou eu. É a mim que perdes por segundos. Sem estas coisas de agora, telemóvel, internet... Nada. Vou sair nua de casa!
E tu vais ligar e alguém te vai dizer que saí, mesmo agora, sem aviso, e que me deixei ir sem desligar o comunicador móvel da corrente, que o deixei abandonado a um canto, injuriado e inútil... Nunca precisámos de nada disto para nos encontrarmos; nem para conversar, nem de palavras às vezes.
Lembras-te que nos desencontrávamos sempre, que acabávamos perdidos sozinhos pela cidade, à beira rio muitas vezes, cada um para seu sítio. Mas que eu sabia que estavas à minha procura, e eu à tua; e sentia-te, sentia os teus olhos no meu corpo, sentia as tuas mãos a puxar-me para ti... e tu, que sentias a minha boca na brisa que passava, a minha vontade na chuva...
E de repente, lá estávamos, frente a frente, surpreendentemente sem surpresa, a olhar um para o outro. Eu sorria, tu baixavas os olhos e murmuravas uma música qualquer que eu sentia no sangue sem ter de ouvir... E tu abraçavas-me e eu já não sentia o sopro gélido da madrugada nem o frio do rio.
Amanhã ligas? É a tua vez.
Vou sair nua; à espera de te sentir à minha procura; noutra cidade, noutro tempo; perto de outro rio!
Não te esqueças...
Até já, vêmos-nos na madrugada de amanhã.

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